domingo, 21 de outubro de 2007

cotidiano..

Um corpo estendido em meio ao seu desprezo
o relógio de corda passa logo ali..
Me absorve, me dissolva com uma colher,
mas não esqueça de colocar uma pitada de sal e um punhado de adoçante.
E um singelo róseo esconde aquele preto provocador de sua alma;
Enquanto isso vai uma coca - cola aí ?
Prometo que está gelada e ainda acompanha uma bata frita.

não é apenas severina...


Hoje acordei com uma fome meia alucinógena por elas...

E quando me virei para aquela parteleira um verde me chamou atenção..

Então comecei pela janela mais próxima e ela então foi passando..

Era ele o moço que fez severina se tornar eterna, mesmo odiando essa idéia;

E, lendo seus escritos fui entrando , entrando quendo vi estava ali sentada ao seu lado..

E ele dizia não ao confessionalismo, exigindo um tipo de verso que nos obriga a despertar, fazendo apelo á sua razão . Não cedendo ao automatismo do surrealismo vigente, nem se deixando raptar por qualquer estado emocional ditado por aquilo que se chama " inpiração".

Por isso jogou a flauta aos peixes surdos-mudos do mar...



DENTRO DA PERDA DA MEMÓRIA



Dentro da perda da memória

uma mulher azul estava deitada

que escondia entre os braços

desses pássaros friíssimos

que a lua sopra alta noite

nos ombros nus do retrato.

E do retrato nasciam duas flores

(dois olhos, dois seios, dois clarinetes)

que em certas horas do dia

cresciam prodigiosamente

para que as bicicletas de meu desespero

corressem sobre os cabelos.

E nas bicicletas que eram poemas

chegavam meus amigos alucinados.

Sentados em desordem aparente,

ei-los a engolir regularmente seus relógios

enquanto o hierofonte armado cavaleiro

movia inultimente seu único braço.

( João Cabral de Melo Neto)

Eu não consigo..

Procuro entre luzes, cores e uma canção que me embala..
Tento, mas não consigo..
não consigo escrever uma linha sobre esse papel..
Não consigo descrever, falar, demonstrar.. é! eu não consigo.
Não consigo simplesmente dizer que tua voz me faz um mal terrível..
e que a ausência dela, me leva a uma falência múltipla de um olhar que parecia ser inocente
... e nem aquele intorpecente me fez vomitar..
Só preciso dela nesse momento.
Aqueles quadros enlaçados no teto me fez relembrar o que também não tenho..
E não pense que chegou ao fim, e repito quero apenas um analgésico , que me faça sair daqui , só por um segundo!!!